SÃO HORAS DE VOLTAR
"Dei-te a minha fala dei-te as arcas da neve do sol nos moinhos
São horas de voltar
Nos insetos que contemplo guardadora
A fúria do amor
Os vinhos do desejo
As mordidelas sem pejo
Dei-te a minha fala dei-te as arcas da neve do sol nos moinhos
No teu corpo a minha mandíbula curta
São horas de voltar
A música é a doçura do existir
Os meus vidros estão sujos do meu bafo
São horas de voltar
Um epílogo
A invisibilidade dos pés magoados das bailarinas
Devoro o crepúsculo algures numa foto tua
Lavo as omoplatas com que te resguardei no ano passado
São horas de voltar
Meto no bolso um boneco de peluche que me ofereceste
Cartilagem
Unhas crescidas
São horas de voltar
Os muros de uma quarentena no mundo inteiro
Os príncipes encerraram suas funções
As princesas estão enfastiadas em casa
São horas de voltar
Escutando Wagner
Rodopio em ti
Fotos, vídeos, memórias
Rasgar
Transitar
Figuração
São horas de voltar
Hábito num converso
Sou fusível sou má rês "
|Cecília Barreira| 23.08.2024
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