desertaste das estórias muito belas,
gora só te comprazes com as estórias
suavemente em movimento, quase partilháveis
com a morte, a inconsistência, a perda.
bebe-las, separadamente,
na primavera,
enquanto o sono não te desce
Habito num deserto,
ao longe vens tu,
sempre ao longe tão perto,
habito num deserto,
e eu só quero o teu olhar,
como a luz num rosto de uma doçura antiga.
Habito num deserto,
um paisagem lenta,
o espreguiçar dos dias,
as noites sem fim.
O teu rosto fragmenta-se
em mil e uma noites
que nunca terei ao teu lado,
amor, sonho de uma lua distante.
Habito no deserto,
onde já não sei para onde vou,
dá-me uma mão,
mesmo que seja para mim
apontares que o horizonte
é nulo,
e a ausência prolonga
em todas as coisas.
Dá-me a imagem do rosto amado,
e a mão ilusória-
(habito num deserto,
tão longe de ti, tão perto).
Copyright: 1995 Cecília Barreira
Editora: Amadis
-Sara Rocha Cardoso- Administradora do blog
Sem comentários:
Enviar um comentário