Com um magnífico prefácio de Rui Zink, neste livro, Cecilia Barreira recorre a personagens da banda desenhada. Escreve-lhes cartas em tom de poema. Sabemos que os personagens BD tendem a encarar mitos modernos e esses mitos não são mais que pedaços de nós. Um deles, cujo autor do prefácio se refere é Loverboy, ao qual Cecília teve uma das mais improváveis elegias ou uma aparente despedida:
"Adeus, minha cuncubina de mim,
adeus idade da inocência,
filadélfia do meu olhar,
o piano da minha existência
adeus, Orlando em tudo orlandamente,
adeus pequeno budado meu ser autêntico.
A poesia não é o paraíso, mas pode dar-nos"
Orlando: Virgínia Woolf. O Ser em permanente metamorfose.
CORTO MALTÊS
Sentir tudo absoluto,
até a margem da profunda viagem em ti,
chegar aos lábios,
sombra oscilante, cidade de um outro tempo,
aquele em que te conheci.
Um cristal flutua no meu interior,
e não sei desfazer-se de tal,
onde terei abandonado a paixão?
Talvez nos corredores desta casa, deste quarto,
a tua estranheza, tristeza,
e não sei como lhe abrir o território das sombras,
noites por desvendar,
e tantos poderosos por começar.
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- Sara Rocha Cardoso - Administradora do blog
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